O melhor lugar para ler

Quem gosta de ler sempre tem um lugar preferido para isso. Na cama, numa cadeira do alpendre ou da varanda no fundo da casa, na sala, num banco de jardim. Uma porção de lugares e uma porção de preferências. Quanto mim, leio em vários lugares, mas não gosto de ler me movimentando, andando por exemplo. Tenho dificuldade em olhar e ler caminhando, não consigo ficar olhando para o livro. Ou o livro ou o caminho a ser percorrido. Mas tem gente que lê e caminha com a maior facilidade, não sei como conseguem.

Não é só para ler, não. Para falar no celular também não consigo falar, ouvir e andar ao mesmo tempo. Ah, não, tenho que parar, encostar-me numa parede ou sentar-me, mas andando, não. Se escuto o sinal do celular e o celular se encontra no bolso da camisa, tenho que tirar um monte papéis e coisas para encontrar o celular. Aí tenho que olhar bem firme para ver onde apertar o botão. Se não é botão o nome, me desculpe. Fiquei sabendo, agora, que se chama tecla. Mas isso não faz diferença, né?

Enfim, não entendo nada de celular. E nem de computador. Em computador eu sou impossível. Só escrevo porque passei dezenas e dezenas de anos escrevendo em máquina datilográfica. E se alguém não sabe o que é datilografia está na mesma situação minha no que diz respeito a celular e a computador.

Nossa Senhora, fugi demais do assunto

Estava falando sobre o melhor lugar para ler um livro ou um jornal, uma revista e até agora não revelei o meu melhor lugar. Até estou parecendo candidato a presidente, que enrolam, enrolam, embromam e não respondem coisa com coisa.

Como não sou candidato vou responder. Meu melhor lugar para ler é no banheiro. Não debaixo do chuveiro, porque senão molha o livro todinho e acabo perdendo o livro. Gosto de ler no banheiro, mas sentado. Sentado na privada (alguns chamam de vaso) e o livro fica sobre um banco branquinho, desses de banheiro. Passo, então momentos agradáveis, sem ser perturbado por quem quer que seja, mesmo com a porta do banheiro sem estar trancada, apenas fechada. Pois não tem sentido trancar a porta do banheiro. Se estiver fechada é porque tem alguém lá dentro. Aliás acho uma bobagem trancar a porta do banheiro. E se eu cair, se eu passar mal, vai dar um trabalho enorme para os familiares abrirem a porta. Então, eu não vou e não quero causar problemas maiores a meus familiares.

E agora que um lado íntimo meu foi revelado, deixe-me acabar de ler Lolita, de Vladimir Nabokov.

O povo não é bobo, pois sim

Houve um tempo, não sei se você se lembra que o PT (Partido dos Trabalhadores, lembra-se de que PT queria dizer Partido dos Trabalhadores?) bradava e incitava o povo a gritar “O Povo não é Bobo, Fora a Rede Globo”. Lembra-se? Pois, bem. Hoje, que venha a Rede Globo e que venham todas as outras redes de televisão, rádios e jornais. Afinal, estamos numa democracia. Ou não estamos?

Claro que estamos numa democracia. Hoje pode existir no Brasil o Partido Comunista e pode até registrar na Justiça Eleitoral um candidato a Presidente. A democracia é tanta que podemos ter até três partidos comunistas, para que não haja reclamações. Temos o PCB, o PC do B e o PPS sem contar o PSOL, o PSTU e outros. Nem na Rússia existem tantos partidos comunistas assim, como no Brasil.

Agora, a democracia é tanta no Brasil que comunistas da Rússia podem vir ao Brasil e comprar empresas brasileiras, como ocorreu agora com uma empresa russa que comprou a Carol – Cooperativa dos Agricultores da Região de Orlândia. E diziam por aí que eles comiam criancinhas! Quem diria, hein!?

Mas vamos voltar ao O Povo não é Bobo, Fora a Rede Globo.

Com o PT – leia-se Lula – no governo, a Globo ficou mais forte ainda. Seu domínio chegou ao ponto de levar a primeira dama do PT – eu disse primeira dama do PT (Dilma) e não a primeira dama do Brasil (Marisa) para um jantar na casa da dona Lily – viúva de Roberto Marinho (dono da Rede Globo), onde se reuniram mulheres da fina sociedade brasileira que foram levar o apoio à candidata do Lula.

Eu pensei coisas incríveis. Por exemplo, eu pensei que na hora que a Dilma adentrasse aquela suntuosa casa a candidata do PT iria bradar bem alto o famoso O Povo não é Bobo, Fora a Rede Globo. Mas, não, portou-se elegantemente, comportou-se como se fosse uma dama da altíssima sociedade. Nem pareceu uma guerrilheira, uma assaltante de bancos, nada disso. Acho que ela não era nada disso. Ela não tem cara de guerrilheira. Afinal, Fidel Castro, com seus mais de 80 anos, tem cara de guerrilheiro até hoje.

Há quem diga que dona Lily não gostava do Adhemar de Barros, daí sua admiração por Dilma Rouself.

Há quem afirme, também, que teria lido o pensamento de Dilma naquela hora: Dilma depois de um olhar firme para dona Lily, teria pensado: “o que? o povo é bobo, sim, fica a rede globo”.

Coitado de Deus!

Eu só queria ver o que iriam achar nas contas bancárias de Deus, se fosse possível vasculhar suas contas como a Caixa fez com a conta do coitado do caseiro do ministro Palocci. Parece, à primeira vista, que Deus está riquíssimo, porque é tanto dinheiro que as igrejas, todas as igrejas, arrecadam com o argumento de que o dinheiro arrecadado é para as obras de Deus. Pois, sim.
Conheci um padre que morava humildemente num quartinho dentro da própria igreja que ele construiu na cidade. Foi a única igreja existente na cidade durante décadas e décadas, até o padre morrer. E ele morreu bem velhinho. O padre João Rulli.
O único dinheiro que foi arrecadado no tempo dele foi para construir a Santa Casa de Misericórdia de Ituverava. Ele construiu, lógico que com grupo de abenegados amigos, e inaugurou a Santa Casa, contando até com a presença do governador da época.
Ele não se preocupou com o seu próprio bem estar. João Rulli se preocupava e se preocupou com as pessoas da cidade que ele adotou, pois veio da longínqua Itália. Preocupou-se principalmente com a saúde dos mais pobres, por isso a Santa Casa era de Misericórdia.
Com o passar dos anos, o padre Rulli ficou doente, muito doente e passou a morar num quarto da própria Santa Casa de Misericórdia de Ituverava, onde veio a falecer.
Voltando, no entanto, ao título lá em cima (Coitado de Deus), fico imaginando o que estarão pensando de mim os que me leem. Seria eu pretencioso? Seria eu um metidão? Seria eu um ignorantão?Bem, isso fica a critério de cada um, se tiver algum que lê essas bem traçadas linhas no computador.
Sei, com toda a certeza, que Deus, Jesus Cristo e ninguém desse plano tem conta bancária. Dos bolsos deles não cai um tostão furado, mesmo porque Eles não precisam disso e nem precisam fazer demonstração ou ostentação de riquezas. Eles são Eles. O máximo que sabemos é que Eles moram no Céu, mas quem sabe como é realmente o Céu? Só morrendo para sabermos o caminho do Céu e sabermos o que é na verdade o Céu. Mas, ao morrermos, podemos errar o caminho e cair no inferno. No inferno outra vez...